quarta-feira, 27 de maio de 2009

Barba Negra

Pirataria é crime...


É crime e também assunto delicado.
Eu, pessoalmente, não gosto e não costumo consumir produtos pirateados (não vou dizer que nunca consumi porque não sou hipócrita). Acho um problema sério as condições de trabalho das pessoas envolvidas com a pirataria, acho complicado a questão de emprego/desemprego que gera, acho horríveis os perigos que um tênis, um óculos ou remédios falsos podem causar e sim, me preocupa a estabilidade da economia nacional (ainda que ache um exagero pensar na pirataria como único desistabilizador da economia, mas enfim).

Mas acho absurdo também os impostos e preços abusivos que existem em relação a determinados produtos ditos "de qualidade". A pirataria é produto de uma sociedade que determina o que a pessoa é pelo que ela pode consumir (isso não é novo...é só lembrar do vídeo "A história das Coisas...se não viu, tem no youtube). Somos, muitas vezes, classificados pelo que possuímos e quem não pode possuir se sente, consequentemente, desclassificado.
A pirataria, para alguns, acaba sendo uma possibilidade de inserção nesse meio doentio...

Veja bem, não estou defendendo a pirataria. Estou dizendo que a questão é muito mais complicada do que: "Pirataria é crime porque a lei diz que não pode." Ou "não compre produto pirata porque não pagam impostos pro governo". Na atual conjuntura isso soa como piada. Acho bastante legítima uma campanha contra a pirataria, mas penso que ela deveria ser acompanhada de ações sérias como moralização política, reavaliação de impostos e quaisquer outras atitudes que ajudassem a diminuir a imensa disparidade social que existe no Brasil e que, obviamente incitam o consumo de produtos piratas...

Afinal não é todo mundo que pode pagar 500 por um Mizuno, 790 por um óculos Tom Ford, 300 por um traje esporte da Adidas, 1500 por uma bolsa Victor Hugo e assim por diante...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Le silence...

Bem...

Quase dois anos sem postar... mas como dizem que o bom filho à casa torna, cá estou...
Todo o tempo de silêncio não teve motivo especial... talvez o fato de não ter motivo especial tenha gerado o silêncio, afinal... o que somos sem motivação?

Falando em motivação...
Depois que o Vavá (o elemento motivador em questão) sugeriu a discussão sobre o Estatuto Racial, eu fui incitada a criar esse post. Lendo sobre o tema na internet encontro a seguinte peróla :

"A medida provisória e o Estatuto em estudos poderão adotar dispositivos já incluídos no edital divulgado pela UnB na semana passada, reservando 20% das vagas para o sistema de cotas. Um deles é a exigência de fotografia dos candidatos ao vestibular para evitar fraudes, já que a condição de negro será auto-declaratória." ( O Globo)

Coisas que não entendo:
Fotos para evitar fraude já que a CONDIÇÃO de negro é auto-declaratória? Como assim, condição? Desculpem a ignorância, mas uma condição é mutável, não? E outra... A foto é que vai evitar fraudes? Então a gente volta para o visual, para a cor da pele como elemento determinante? Isso era bem recorrente há 500 anos!!!!!

No próprio Estatuto, lá no comecinho diz: "§ 1o Para efeito deste Estatuto, considera-se discriminação racial toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública."

As próprias propostas de cotização, acesso ao serviço público e coisas do tipo, ao invés de resolverem o problema da discriminação, ao meu ver, reforçam uma questão segregacional!!!!
Parece um tentativa de "corrigir os erros do passado" (expressão de efeito!) incitando um problema ainda maior...

Por que não a valorização intelectual? Por que não possibilitar o acesso a uma educação pública e de qualidade? Por que não repensar as formas de acesso às universidades (coisa que está sendo feita) e aos cargos públicos (apadrinhamento existe ainda?)?
Paliativos não constroem justiça social...

É obvio que a questão racial no Brasil é presente... é historicamente presente e problemática, porém está atrelada a uma outra que é a social... Este estatuto soa como uma tentativa de apaziguar ânimos e legar ao social espaço secundário...

Que acham?