sábado, 28 de julho de 2007

F. P. de cancêr...

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O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe,
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
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Fernando Pessoa era canceriano... só pode...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Inferno...


Inferno:

  1. Do latim infernum, cujo significado etimológico pode ser compreendido por: “que está embaixo” ou “inferior”. Possui como variações: “as profundezas da terra”, “regiões inferiores” ou “das sombras”. Seu uso, no português medieval, data do século XIII, e, para os cristãos, costuma representar o lugar ou situação pessoal em que as almas pecadoras se encontram após a morte, submetidas a penas eternas. Dante Alighieri, ao longo de sua Divina Comédia, estabelece uma cartografia deste espaço de purgações a partir da hierarquização das fraquezas humanas da carne e do espírito. Divide seu inferno em nove níveis, onde a intensidade do horror é concernente à gravidade do pecado. O descreve como lugar lúgubre, de luxúrias e corpos lassos. Morada de hereges que ardem em fogo e de assassinos que cozinham em um rio de sangue fervente. Discorre sobre florestas escuras e sem trilhas, onde falanges de suicidas crescem por toda a eternidade compondo espinheirais tortos e peçonhentos. As harpias, monstros de imensas asas, barrigas emplumadas, rostos humanos e garras talhantes, aninham-se nestas árvores atrofiadas e mordiscam suas folhas. Ao longo das florestas, ouvem-se apenas lamúrias. No último nível, a temível morada de Lúcifer, o pior dos pecados, a traição, tem por pena a prisão, a impotência e a imobilidade eterna em espaço gélido e intocado por qualquer vestígio de luz ou calor. Lugar sinistro, feral e apavorante. Infernal. Sandro Boticelli e Willian Blake, entre outros, dedicaram-se a recriar em tintas e pena os cantos de Alighieri. Somos, hodiernamente, revisitados por tais representações de tormento e dor...

Primeiro parágrafo do primeiro capítulo da minha primeira dissertação de mestrado... =)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sobre jardins e flores...

Não! Esta não é uma idéia original. Na verdade, é uma descarada e assumida apropriação. Não chega a ser uma cópia, mas uma reelaboração sobre a idéia de outrem. Se me aproprio, no entanto, não é por incompetência ou comodismo, mas por concordância e admiração. Até porque não sei até que ponto é possível uma idéia original e revolucionaria. A “metáfora perfeita”. Não pensamos, afinal, a partir de coisas e elementos já pensados outrora? Seja como for, pensando pensamentos originais ou pensando pensamentos já pensados, não é a isto que me proponho no momento. Poderia, é claro, alongar-me por algumas páginas e tentar descobrir a essência da famigerada originalidade. No entanto tal empreitada seria demasiado pretensiosa e despropositada. Falemos, portanto, dos jardins.
Como são belos os jardins! Floridos, coloridos, vivos... Não falo de meros canteiros com flores iguais, equiparadas, controladas, mas de jardins impressionistas, como aqueles sagazmente retratados pelas pinceladas de Monet ou Renoir. Desiguais, disformes e impressionantemente belos. Creio que a beleza deles advenha exatamente da disformidade. Da ausência de uma métrica específica. Da diferença. Eis a palavra que buscava. Eis a palavra que me levará dos jardins à sala de aula. Diferença!
A sala de aula muito me lembra um jardim. Não sou a primeira a fazer esta constatação. Rubem Alves já o fez e, certamente, alguém o precedeu. Mas façamos de novo. Os jardins são muitos, as salas de aulas, incontáveis, e as reflexões possíveis multiplicam-se a cada novo olhar.
Na matriz curricular dos cursos de história deveria existir uma disciplina referente à prática da jardinagem. Técnicas de cultivo, plantio, cuidados específicos e quaisquer outros elementos que auxiliassem na manutenção de flores e folhagens. Digo isto porque estar em sala de aula como professora de história é, para mim, equivalente a cuidar de um jardim.
O que um jardineiro faz em um jardim? Antes de tudo ele planta. Está certo que muitas vezes as sementes são cuidadosamente escolhidas, mas não há como ter segurança em relação às flores que brotarão. Nenhuma flor é igual. Coloração, formato, perfume...Mesmo que as diferenças sejam sutis, elas existem. Isso sem falar nos diferentes tipos de flores que encontramos em um jardim. Orquídeas, rosas, tulipas, bromélias, flores do campo entre outras. Um bom jardineiro deve saber que a quantidade de calor, água, luminosidade nunca é a mesma, varia sempre, e que se faz necessário extremo cuidado e sensibilidade para que parte do jardim não desfaleça.
O que faz o professor de história em sala de aula? Planta idéias. E só. Não traz verdades. Apenas planta idéias sem a segurança de resultados – se resultarem em algo. Isso porque os alunos, assim como as flores, nunca são iguais. E voltamos à diferença. Negros, brancos, pardos, gordos, magros, inteligentes, malandros, dedicados, desleixados, ricos, pobres... Estereótipos. Apenas estereótipos que superlativizam idiossincrasias e especificidades. Escracham a diferença, transformando-a em motivo de piada. Inibem potenciais e reforçam ainda mais aquilo que é visto como “problema”. O que entristece ainda mais é o fato de que quem atribui, constrói e reforça os estereótipos são, não raro, os próprios professores de história. Talvez por não terem aulas de jardinagem em seus cursos de formação.
Pois bem, lidar com a diferença em sala de aula não é, amiúde, tarefa simples. Passará a ser, no entanto, quando diferença deixar de ser sinônimo de problema. Quando falo de uma tarefa simples, não quero dizer simplista. Entenda-se simples no sentido de que se trata de uma prática hodierna que é dinâmica. Não necessita de complexas elucubrações. Clama sim por inusitadas reflexões. A tarefa, em si, pode ser simples – ao menos acredito nisto. Pode ser tão simples quanto cuidar de um jardim.
Em um jardim, são exatamente as peculiaridades que compõe e determinam beleza de cada flor. Um conjunto dessas peculiaridades forma, destarte, um belo jardim. E por que a sala de aula não pode ser encarada da mesma forma? Por que a diferença não pode ser ressaltada de forma a contribuir no processo educativo como um componente a ser valorizado, e não velado, transformado em tabu? Em um jardim, não se ressalta o perfume de uma orquídea em detrimento da tulipa. Por que, então, a necessidade de classificar alunos como melhores ou piores? Por que a necessidade de quantificá-los em notas (5.0, 7.0, 10.0) e transformar as notas em caráter identitário, como se a mesma representasse exatamente aquilo que o aluno é? E ainda que fosse possível saber exatamente aquilo que o aluno é, por que aprisioná-lo em um conceito? Qual o problema em compreender as pessoas como múltiplas? Por que não trabalhar exatamente esta multiplicidade?
Respostas...Não tenho... Resta-me apenas voltar ao início e preparar algumas sementes...

terça-feira, 10 de julho de 2007

A pessoa mais incrível que jamais conheci.

A pessoa mais incrível que jamais conheci.
A um amigo em potência.


Sim. Nunca conversamos. Em termos, na verdade. Vi, ouvi e sei que, certamente, é uma das pessoas mais incríveis que jamais conheci. Como voyeur, deleito-me no interstício, no hiato inapreensivelmente grande que surge, de súbito, em um instante. Paradoxal por conceito, porém vívido além da palavra ou antes dela. De súbito também aparecem devires. Assuntos, temores, temas, tramas e traumas que existem apenas em potência.
Como sei que esta, logo esta que não me sabe, é a pessoa mais incrível que jamais conheci? Explico. Trata-se daqueles que gostamos, ainda que não o tenhamos encontrado, mas reconhecido entre tantos outros como ente querido. Segundos são suficientes. A pessoa mais incrível pode, de fato, ser um conhecido. Ser aquele que cumprimentamos com um opaco aceno ou pelo qual passamos cegos, ofuscados em busca do fantástico. Pode também ter (ser) passado, apressado, desinteressado, elencando pessoas incríveis, inatingíveis, inexistentes. Manifestações únicas de desejo. Devires, uma vez mais.
A pessoa mais incrível que jamais conheci não me conhece, todavia. Talvez nem queira conhecer e isso gera a angustiante sensação de impotência. Como fazer para conhecer, finalmente, a mais incrível pessoa jamais conhecida?
Nada por fazer, apenas ser...
Estar...
Infinitivos na infinita espera pela possibilidade do ínfimo.
Cá estou então, a esperar.





*Em destaque, frase roubada do amigo Victor Taiar.

domingo, 1 de julho de 2007

O mundo é uma poesia!

Pois é... acho que vou transformar isso aqui num aglomerado de poesias...
Ninguém lê mesmo, entou vou postá-las apenas para acalentar e massagear meu ego! O Blog é meu, posto o que eu quero...
Algum dia criarei coragem e postarei algo escrito por mim... algum dia.
Segue minha "descoberta" da semana... "Guardar" de Antônio Cícero.

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que de um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Bom julho para todas e todos!!!

domingo, 3 de junho de 2007

Delicadeza de elefante em loja de cristal...

Tudo fora do lugar.
Intensidade ficcional não serve.
Felicidade é momento imediatamente presente. Faz-se futuro como projeção do agora e faz-se passado, uma vez que o agora, foi.
Uma hora a gente aprende...(você também!)

Cresci acreditando que gostar das pessoas era algo bom... começo a repensar (e espero não me convencer).
Violoncello (agudo e triste - metáfora linda da Mê).
Ser humano = delicadeza de elefante em loja de cristal.
Sim, realmente há muito ainda por aprender...

Onde estão as bandas de rock progressivo, hein?
Sinto falta da história... (mas aquela de verdade, onde tudo poder ser mentira...ou não.)
Inferno astral, uma pinóia.
Alguém lembra da palavra responsabilidade? Deve haver um sentido, perdido na memória de quem nada vem sentindo. Ou é bom fingidor... Lembra Pessoa:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Pois é...o poeta é um fingidor... finge dor.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Quando Beatriz e Caiana te perguntarem, Dionísio,
se me amas, podes dizer que não.
Pouco me importa
ser nada à tua volta,
sombra, coisa esgarçada
no entendimento de tua mãe e irmã.

A mim me importa, Dionísio, o que dizes deitado ao meu ouvido
e o que tu dizes nem pode ser cantado
porque é palavra de luta e despudor.
E no meu verso se faria injúria
E no meu quarto se faz verbo de amor.

(Poema V de Ode Descontínua e Remota para flauta e oboé..., de Hilda Hilst - Zeca Baleiro e voz de Ângela Ro Ro)

Um mês sem postar...
O silêncio sempre tem algo a dizer... tento aprender com ele...

sábado, 14 de abril de 2007

Elogio à incoerência

Este está, definitivamente, sendo um ano de quebra dos meus paradigmas pessoais (pode um paradigma ser pessoal? Sei lá...hoje pode.)
Primeiro descobri que adoro ser professora...sério. Logo eu, acadêmica de carteirinha que achava que não saberia viver longe da universidade. Logo eu, que conhecia os corredores da UFSC como as linhas da palma da minha mão. Logo eu, que viajava 36 horas dentro de um ônibus duro, desconfortável e mal-cheiroso só pra apresentar um trabalho e debater as teorias sócio-históricas que estavam em questão... Logo eu...
Depois descubro que sou uma cristã não católica que estudou num colégio de freiras, foi criada em uma família espírita, passou por uma fase ateu-atéia-atoa e agora... bem... agora não sabe bem o que é... mas que assume que crê, ainda que não saiba com exatidão no quê...
Mas também onde está escrito que eu preciso saber exatamente aquilo que sou ou quero ser? Ou que preciso me assumir como algo e dessa forma negar todas as outras possibilidades existentes? Por que não ser um quase tudo, como diria Lispector?

Momento introspectivo... é sábado, é noite e estou sozinha, alone, all by myself!!!!

sábado, 7 de abril de 2007

Feliz Páscoa!!!!

A Páscoa
Por Luís Fernando Veríssimo

- Papai, o que é Páscoa?
- Ora, Páscoa é ...... bem ...... é uma festa religiosa!
- Igual Natal?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição. Marta, vem cá!
- Sim ?
- Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
- Mais ou menos ....... Mamãe, Jesus era um coelho?
- Que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu ! Nem parece que esse menino foi batizado ! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã ! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Ave Maria!
- Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
- É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Minas Gerais?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?
- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas quando você for no catecismo a professora explica tudinho!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa ?
- Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
- Coelho bota ovo?
- Chega ! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais !
- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa? Era, era melhor, ou então urubu. Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né? Que dia que ele morreu?
- Isso eu sei: na sexta-feira santa.
- Que dia e que mês?
- ??????? Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.
- Um dia depois.
- Não, três dias.
- Então morreu na quarta-feira.
- Não, morreu na sexta-feira santa ....... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois!
- Como?
- Pergunte à sua professora de catecismo!
- Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
- É que hoje é sábado de aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no sábado?
- Claro que não! Se ele morreu na sexta!!!
- Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
- É, boa pergunta. Filho, atende o telefone pro papai. Se for um tal de Rogério diz que eu saí.
- Alô, quem fala?
- Rogério Coelho Pascoal. Seu pai está?
- Não, foi comprar ovo de Páscoa. Ligue mais tarde, tchau. Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
- Coitada!
- Coitada de quem?
- Da sua professora de catecismo!!!

sexta-feira, 23 de março de 2007

sábado, 17 de março de 2007

Eu amo o Tom Zé!

Companheiro Bush
Tom Zé
Composição: (Tom Zé)

Se Você Já Sabe Quem
Vendeu Aquela Bomba Pro Iraque,
Desembuche.
Eu Desconfio Que Foi O Bush.
Foi O Bush,
Foi O Bush.
Foi O Bush.

Onde Haverá Recurso
Para Dar Um Bom Repuxo
No Companheiro Bush.
Quem Arranja Um Alicate
Que Acerte Aquela Fase
Ou Corrija Aquele Fuso,
Talvez Um ParafusoQue Ta Faltando Nele
Melhore Aquele Abuso.
Um Chip Que Desligue
Aquele Terremoto,
Aquela Coqueluche.

Se Você Já Sabe etc.

Cada um trabalha com o quem... As microrevoluções começam pelas vias mais surpreendentes...blogs, músicas, sala de aula...

Esses dias estava dialogando com uma pessoa (uma aluna) que não estava muito disposta a dialogar. Quando eu falava a respeito das minhas opiniões e objetivos sobre a educação e o fato de ser professora ela me disse: "Ai Carol, não te ilude!"
Fiquei pensando sobre aquilo...
Acho que eu prefiro assumir minha ilusão.
Prefiro lutar por ela (e praticá-la) que me conformar e viver em um mundo desencantado...

Reencantemos o mundo!

segunda-feira, 5 de março de 2007

A História também sofre com o Calor...

Desculpem pelos séculos sem apresentar nada novo... Essas têm sido loucas semanas...

Está realmente tão quente, mas tão quente que até pra postar algo a gente é acometido por desânimo absurdo. Venho aqui agora por uma causa nobre...
O calor dos últimos dias têm sido amplamente discutido na blogosfera e fora dela... Questões relativas ao aquecimento global, ao comprometimento das instâncias (ir) responsáveis e às possibilidades de atuação dos sujeitos, através de atos cotidianos ou ações afirmativas, enfim... virou pauta de todos os dias... (o que é plenamente legítimo!)

Porém, hoje tocaram em meu âmago... no fundo do meu ser... no coração de meu coração (como diria Shakespeare). A História (salve salve) também está condenada a morrer de calor. Pois é...
Para o trabalho historiográfico, para as pesquisas que vão originar livros e artigos, o historiador precisa pesquisar... para as pesquisas precisamos de FONTES!!! E são elas que estão com dias contados... Muitas dessas fontes são registros escritos, fonograficos ou fotográficos. Por serem material muito antigo e sensibilíssimo, precisam de cuidados especiais e manutenção referentes às condições em que são arquivadas... Precisam de ambiente climatizado, com umidade controlada... Deem uma olhada na notícia abaixo e compreendam meu desespero...

"Um patrimônio de cinco quilômetros de documentos, 45 mil imagens (sendo 15 mil de Augusto Malta), 2.500 livros, 300 filmes e 800 fitas de acervo sonoro está ameaçado pelo calor e pela umidade no arquivo geral da Cidade, no Centro. Localizado na Rua Amoroso Lima 15, o prédio onde está guardada boa parte da história da cidade está sem ar-condicionado há cerca de quatro meses. O horário de atendimento ao público, até então de 9h às 17h, foi reduzido em duas horas para atenuar o efeito “sauna”, ao qual empregados e pesquisadores estão sendo submetidos. O terceiro andar, onde estão códices (conjuntos de documentos encadernados) dos séculos XVII e XVIII, é um dos mais quentes.

Segundo Adriana Rollos, coordenadora de Preservação do Acervo do Arquivo Nacional, semana passada os responsáveis pelo Arquivo da Cidade a procuraram buscando ajuda para que nos arquivos climatizados de lá fique parte do material ameaçado.

Ele busca recursos para criar um novo banco de matrizes de três graus de temperatura e 30% de umidade para conservar parte de seu acervo, assim como o de outras instituições que necessitarem .

— Vamos procurar atender. A primeira linha de defesa de um acervo é o controle da temperatura e da umidade do ar, que estabiliza o processo de deterioração, aumentando o tempo de vida do material. Nossa maior preocupação é com o acervo audio-visual deles — explica Adriana, acrescentando que microfilmes e negativos fotográficos são mais sensíveis e precisam ser acondicionados em locais com temperatura entre 18 graus e três graus negativos, e umidade de 45% a 30%. — Os documentos em papel têm que ficar aclimatados a 20 graus, com 50% de umidade.

Especialista da Funarte também risco de fungos Nazareth Curi, especialista em conservação de material fotográfico do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte, também chama a atenção para o perigo: — Com a temperatura elevada do verão e a umidade acima de 60%, há grande risco de proliferação de fungos. Isto provoca a contração e a distensão da gelatina presente em fotos e negativos, acarretando danos que não são vistos imediatamente.

A secretaria municipal das Culturas chegou a contratar uma empresa para resolver o problema do ar condicionado, mas o serviço foi suspenso. Em nota, a secretaria informa que a instalação do sistema de refrigeração do arquivo geral da Cidade é prioridade, e que os recursos já foram solicitados à secretaria de Fazenda. A estimativa é de que até o fim do mês eles sejam liberados. A secretaria afirma ainda que o acervo não corre riscos.

Fonte: Jornal O Globo - 03/03/2007"


terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Modestia à parte...

Modéstia à parte... Modéstia parte... Modéstia? Aparte!

A língua portuguesa é o máximo! É uma das minhas paixões junto com a história, filosofia, literatura e a física (sim, a física!). Mas não vou falar dela agora, nem de gramática e muito menos de figuras de linguagem (tem algo mais divertido que isso?).

Voltemos à modéstia. Semanas atrás fui acusada de ser imodesta! Tudo bem, relevei (uma pessoa entrou de gaiato numa brincadeira e levou as coisas a sério demais – o mundo anda mal-humorado, não?). Mas fiquei intrigada... Qual é, afinal, a vantagem em ser modesto? Imaginemos situações:

1) Você é músico. Passa horas da sua vida dedicando-se à composição e a algum instrumento particular. Certo dia, marcam uma audição para apresentares teu trabalho. Você vai lá, faz o melhor de si e espera as opiniões. Após alguns minutos, os jurados vem e falam assim: - Muito bem, pessoa...Tua apresentação foi modesta!

2) Estás apaixonado. É início de namoro. Passas a tarde na net procurando receitas de molhos, saladas, sobremesas, vinhos e queijos. Compra velas, decora a mesa, queima a barriga no fogão e rala os dedos no ralador. Depois do jantar a criatura adorada vem docemente dar uma opinião: - Benhêeeee...Amei o jantarzinho modesto que você fez...

3) Você está no ensino médio. Um professor passa um trabalho que, por algum motivo alheio a tua vontade, te empolga. Você pesquisa, queima pestana sobre os livros, pergunta, se informa, lê, lê, lê, escreve, escreve, escreve e entrega o que considera o máximo de si. Passam três semanas e o profe decide entregar os textos com recadinhos. No teu está assim: - 8. Trabalho modesto, mas caprichado.”

Como você agiria nessas situações (hipotéticas, claro...espero que nunca aconteça com você). Pergunto, então: Até que ponto ser modesto é bom?

Para auxiliar na reflexão:

http://www.citador.pt/pensar.php?op=10&refid=200610160900

“Quem é modesto em relação às pessoas mostra tanto mais em relação às coisas (cidade, Estado, sociedade, época, humanidade) a sua pretensão. É a sua vingança!”

(Nietzsche – Humano, demasiado humano)


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

O melhor do mundo!!!


Podem me chamar de ufanista, não ligo. O cinema brasileiro é o melhor do mundo. Estou convencida disso. Acabei de me convençar há uma meia hora, exatamente...
Tudo por causa d´A Máquina. Gente, o filme é muito bom. Realmente. Impressiona a cada quadro . Como diria o esquartejador: Vamos por partes:
1) Atores: Parece redundância dizer que é bom um filme quando o Paulo Autran está no elenco. Pois é. Ele está e só isso ja faria os 90 minutos valerem a pena. O monólogo inicial quando ele descreve uma cosmogonia particular, justificada pela necessidade de existir, e só, é um demonstrativo do que vem pela frente. Paulo Autran é um monstro... ele cresce a cada gesto, te envolve e parece que vai te devorar... Eu o assisti no teatro, aqui em Itajaí... ele olhou pra mim... (ei! Não ri! É sério...). Os outros atores também passam intensidade e são ótimos, mas gente... o Paulo Autran tá no filme...
2) Questões estéticas: Não entendo muito bem da técnica e dos termos que compõe o dialeto dos cinéfilos, mas o filme é esteticamente divertidíssimo. Os cenários as vezes parecem de brinquedo e são desproporcionais em relação aos atores...tudo proposital, claro. O cenário é explicitamente uma metalinguagem dentro da narrativa. É uma outra forma de falar e abordar os temas do filme. Os cenários, por eles mesmo, contam o filme. A fotografia também impressiona. Tem cenas que dão vontade de congelar, recortar, ampliar e pendurar na parede...
3) Músicas: Eu quero o CD!!! Dia 16 de julho é meu aniversário... MP3 tá valendo. tem Zeu Britto (aquele da Soraia Queimada), Chico Buarque (ai ai ai) e uns que eu não conheço mas fazem uma espécie de modernização da música armorial. Show!
4) Enredo, tema, historinha...o filme, em si: Não vou falar do enredo porque isso dá pra encontrar a torto e a direito no google. Mas dois pontos me tocaram. O filme fala do tempo. Da passagem do tempo. Do que fazemos enquanto ele passa (se é que ele passa, talvez nós é que passemos por ele e nem percebemos). Vai da filosofia até a física... apresenta a possibilidade de viajar através do tempo, de voltar, refazer, reconstruir, reviver... e fala também de desejo. De sonhos, metas...de buscas. De querer algo, ainda que não se saiba o que é e ena busca incansável por esse algo acaba-se postergando todo um viver pleno do" agora" que passa a ser interpretado como um caminho para se chegar até sabe-se lá o que. Esse "sabe-se lá o que" acaba tendo mais importência que o agora e iso é uma inversão. Essa problemática é também belamente desenvolvida no Sidarta, do Hermann Hesse, mas dele eu falo outra hora...
Enfim, o filme é uma metáfora, uma fábula....é lindo...Vejam.

Mas não é só por causa deste filme que o cinema brasileiro é o melhor do mundo... Tem outros...
"Casa de Areia" é sem dúvida o melhor filme que assisti nos últimos anos. Sensível, sutil, delicado... fala do tempo e do silêncio. Do convivio consigo. E tem a Fernanda Montenegro que, no meu panteão, ocupa posto similar ao do Paulo Autran...
Tem um bobinho que não é o mehlor que eu já vi, mas é fofo e engraçadinho: "O casamento de Romeu e Julieta" conta as intempéries de uma relação amorosa entre um corinthiano e uma palmerense... É bem engraçado...
Tem outros, mas deixa assunto pra mais posts, né...
O ponto é que o Cinema brasileiro tem um "tchan" que não encontro em nenhum outro por ai. Não sei se é a simplicidade, a sutileza, a forma... ou o fato de eu ser brasileira e nem um pouco imparcial (isso não existe, oras bolas) sei lá. É o melhor e ponto...

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Antes tarde do que nunca...

Bem. É isso... cansei de fotologs e resolvi aderir ao Blog. Não foi uma escolha despropositada, na verdade. É que esta semana aprendi que não precisamos de Doutorado pra pensar e muito menos para expor aquilo que pensamos. Agora o mais fantástico é que, mesmo sem o título de doutor, as pessoas leêm aquilo que escrevemos. Formidável, não? (Só falta agora sairem flores amarelas da tela e a música "Aquarious" começar a tocar...
Resolvi começar o Blog essa semana porque, além de aprender que podemos escrever o que pensamos e que existem pessoas no mundo interessadas em saber o que pensamos através da leitura descomprometida com aquilo que escrevemos, também aprendi (no mesmo dia) que é fácil fazer um Blog. Sim, muito! A prova é o fato deste existir!
Isso não é um post, propriamente dito. Digo, sim.... é um post, mas não se refere a nada específico. É apenas uma apresentação. (obviamente um psicanalista destrincharia minhas palavras, silêncios e traria à superfície elementos obscuros e inusitados do meu ser, mas como não temo a psicanalise e acredito que psicanalistas têm muito mais com o que se preocupar... cá estamos.
Do que este blog vai tratar? Bem... Não sou uma pessoa autoritária, mas por favor... eu fiz, eu posto, eu decido. Dedicarei às coisas que gosto: História (novidade...), Literatura, Filosofia, Religião e temas transversais...
Acho que para início de conversa é isso... Me despeço com uma de minhas paixões...

"Boa noite, Boa noite, boa noite... a despedida é dor. Tão doce, todavia, que te darei boa noite até que seja dia..." (W. Shakespeare)