Desculpem pelos séculos sem apresentar nada novo... Essas têm sido loucas semanas...
Está realmente tão quente, mas tão quente que até pra postar algo a gente é acometido por desânimo absurdo. Venho aqui agora por uma causa nobre...
O calor dos últimos dias têm sido amplamente discutido na blogosfera e fora dela... Questões relativas ao aquecimento global, ao comprometimento das instâncias (ir) responsáveis e às possibilidades de atuação dos sujeitos, através de atos cotidianos ou ações afirmativas, enfim... virou pauta de todos os dias... (o que é plenamente legítimo!)
Porém, hoje tocaram em meu âmago... no fundo do meu ser... no coração de meu coração (como diria Shakespeare). A História (salve salve) também está condenada a morrer de calor. Pois é...
Para o trabalho historiográfico, para as pesquisas que vão originar livros e artigos, o historiador precisa pesquisar... para as pesquisas precisamos de FONTES!!! E são elas que estão com dias contados... Muitas dessas fontes são registros escritos, fonograficos ou fotográficos. Por serem material muito antigo e sensibilíssimo, precisam de cuidados especiais e manutenção referentes às condições em que são arquivadas... Precisam de ambiente climatizado, com umidade controlada... Deem uma olhada na notícia abaixo e compreendam meu desespero...
"Um patrimônio de cinco quilômetros de documentos, 45 mil imagens (sendo 15 mil de Augusto Malta), 2.500 livros, 300 filmes e 800 fitas de acervo sonoro está ameaçado pelo calor e pela umidade no arquivo geral da Cidade, no Centro. Localizado na Rua Amoroso Lima 15, o prédio onde está guardada boa parte da história da cidade está sem ar-condicionado há cerca de quatro meses. O horário de atendimento ao público, até então de 9h às 17h, foi reduzido em duas horas para atenuar o efeito “sauna”, ao qual empregados e pesquisadores estão sendo submetidos. O terceiro andar, onde estão códices (conjuntos de documentos encadernados) dos séculos XVII e XVIII, é um dos mais quentes.
Segundo Adriana Rollos, coordenadora de Preservação do Acervo do Arquivo Nacional, semana passada os responsáveis pelo Arquivo da Cidade a procuraram buscando ajuda para que nos arquivos climatizados de lá fique parte do material ameaçado.
Ele busca recursos para criar um novo banco de matrizes de três graus de temperatura e 30% de umidade para conservar parte de seu acervo, assim como o de outras instituições que necessitarem .
— Vamos procurar atender. A primeira linha de defesa de um acervo é o controle da temperatura e da umidade do ar, que estabiliza o processo de deterioração, aumentando o tempo de vida do material. Nossa maior preocupação é com o acervo audio-visual deles — explica Adriana, acrescentando que microfilmes e negativos fotográficos são mais sensíveis e precisam ser acondicionados em locais com temperatura entre 18 graus e três graus negativos, e umidade de 45% a 30%. — Os documentos em papel têm que ficar aclimatados a 20 graus, com 50% de umidade.
Especialista da Funarte também risco de fungos Nazareth Curi, especialista em conservação de material fotográfico do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte, também chama a atenção para o perigo: — Com a temperatura elevada do verão e a umidade acima de 60%, há grande risco de proliferação de fungos. Isto provoca a contração e a distensão da gelatina presente em fotos e negativos, acarretando danos que não são vistos imediatamente.
A secretaria municipal das Culturas chegou a contratar uma empresa para resolver o problema do ar condicionado, mas o serviço foi suspenso. Em nota, a secretaria informa que a instalação do sistema de refrigeração do arquivo geral da Cidade é prioridade, e que os recursos já foram solicitados à secretaria de Fazenda. A estimativa é de que até o fim do mês eles sejam liberados. A secretaria afirma ainda que o acervo não corre riscos.
Fonte: Jornal O Globo - 03/03/2007"
segunda-feira, 5 de março de 2007
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